Uma separação é sempre um momento de grande crise, sobretudo quando o casal tem filhos. Para a criança, este é sempre um momento dramático em que se geram uma série de inseguranças e conflitos internos dado que a realidade familiar que esta conheceu até então, e que é o eixo central do seu mundo, sofre uma profunda alteração.

 

Existem alguns aspectos que podemos ter em conta (sempre dentro das nossas reais possibilidades) e que são facilitadores da adaptação a esta nova realidade.

 

Preparar a criança

A partir do momento em que é tomada a decisão definitiva de se separar, o casal precisa ponderar quando partilhar a sua decisão com a criança, para que esta se possa preparar. Quanto mais nova for a criança, mais perto do momento da saída deverá ser partilhada a decisão, pois a noção do tempo é diferente da do adulto e a criança poderá alimentar fantasias de reconciliação ou mesmo sentir-se enganada pelos pais.

 

Dentro do possível, manter as rotinas e ambientes

Apesar da separação e da necessidade de alteração nas rotinas, é importante fazermos um esforço para tentar manter ao máximo o dia-a-dia da criança – a escola, a zona de residência, os amigos, as actividades… Para a criança é importante sentir que parte do seu mundo se mantém inalterada.

 

Definir e comunicar à criança a forma como o contacto com cada um dos pais vai ser mantido

A criança tem a necessidade, e o direito, de saber quando e como vai poder estar com cada um dos progenitores. Assim, é importante que este aspecto fique decidido à partida e lhe seja comunicado, mesmo que seja um acordo apenas provisório e que, mais tarde, seja necessário ajustar o mesmo.

 

Assegurar à criança o amor dos pais

Nesta fase de crise, a criança necessita de ser constantemente assegurada de que o amor que os pais nutrem por si está inalterado e que a decisão da separação não esteve de forma alguma relacionada com alguma falha da sua parte (como comumente fantasia) ou com o facto de algum dos pais gostar menos dela.

 

Manter as relações familiares e os contactos

Dentro do possível, a criança beneficiará bastante de manter o contacto regular com ambas as famílias, tal como antes da separação. As relações familiares são um pilar de estabilidade e a manutenção destes laços ajudará a criança a adaptar-se à sua nova realidade.

 

Evitar falar com a criança sobre os conflitos entre adultos

A criança deve ser protegida ao máximo de qualquer conflito ou animosidade entre os pais. Tanto estes, como os restantes familiares e amigos, terão de ter em conta que a criança ama ambos os progenitores e que está numa situação de crise. Sujeitar a criança a informação deste género apenas contribui para agravar a sua dor e ressentimento.

 

Incentivar a criança a manter contacto com o outro progenitor

Em todas as situações em que esteja garantida a segurança e o bem-estar da criança e independentemente do relacionamento que o ex-casal mantenha entre si, é vital que cada um dos pais incentive a criança a relacionar-se com o outro e lhe demonstre que é perfeitamente natural que esta continue a nutrir os mesmos sentimentos em relação a cada um. Em situação alguma devemos contribuir para que a criança se sinta culpada, tenha necessidade de esconder os seus sentimentos ou de “escolher um lado”. A separação é referente ao matrimónio, não à parentalidade.

 

Escutar a criança

Durante este período de transição é importante estarmos especialmente atentos ao que a criança nos transmite – quer verbalmente, quer através de comportamentos, atitudes… e criarmos um espaço seguro e de não-julgamento para esta se expressar e tentar fazer sentido de tudo o que está a experienciar.

 

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