Tecnologias

Como desenvolver relações saudáveis com as tecnologias desde a infância?

Aqui no blog vamos dedicar alguns artigos a diferentes aspectos da relação das famílias com a tecnologia. Neste primeiro artigo, vamos falar sobre o consumo de tecnologias na generalidade e, posteriormente, vamos dedicar-nos a reflectir sobre aspectos específicos como as redes sociais, as dependências ou a utilização dos telemóveis.

Hoje em dia, os mais pequenos nascem num ambiente em que a tecnologia está presente nas suas vidas, mesmo antes do nascimento e desenvolvem-se testemunhando o papel que estas têm na dinâmica familiar. Desde muito cedo, convivem diariamente com as mais variadas formas de entretenimento através da tecnologia – jogos em consolas, computadores, tablets e telemóveis; televisão e tv on demand (Netflix, YouTube, etc…); redes sociais…

De acordo com os dados recolhidos por organizações nos mais diversos países, é unânime que a maioria das crianças passa demasiado tempo à frente de ecrãs (cerca de 4 a 5 vezes mais do que o que seria recomendado), o que vai ter um impacto muito negativo no seu desenvolvimento, nos mais variados aspectos (cognitivo, perceptivo, sensorial, social, físico…). Sem entrarmos nas questões ligadas à física e aos potenciais malefícios das ondas eletromagnéticas no cérebro em desenvolvimento, que fogem de todo aos meus conhecimentos, podemos concluir baseando-nos apenas no bom senso que, o tempo em que a criança está a consumir tecnologia é aquele em que não poderá estar a brincar, a fazer desporto ou a conversar com a família ou amigos. Assim, torna-se imprescindível impor limites a este consumo para que a criança possa equilibrar as diferentes actividades do dia-a-dia. De acordo com a OMS, o período máximo aconselhado de “tempo de ecrã” varia consoante a idade, como podemos observar nesta imagem:

Por outro lado, quando falamos em consumo de tecnologias, é importante termos em consideração que nem todos os consumos têm o mesmo valor lúdico e pedagógico e consequentemente, não deverão ter o mesmo peso no tempo de consumo: 

Consumo Passivo

É o tipo de consumo mais pobre, em que a criança é apenas um mero observador. São exemplos deste tipo de consumo a televisão, o youtube, a leitura digital ou o consumo de música e mesmo o scroll de feeds de redes sociais sem interacção;

Consumo Interactivo

Já envolve alguma actividade por parte da criança e o concretizar de tarefas. Os jogos, as pesquisas online e as aulas e fichas virtuais são englobadas neste tipo de consumo.

Comunicação

É o consumo tecnológico com vista à socialização, como no caso da comunicação através das redes sociais, chats e vídeo chamadas.

Criação de Conteúdos

Aqui a criança utiliza a tecnologia ao serviço da sua criatividade, como por exemplos: a criação de arte digital, a escrita ou a criação de música.

Assim, uma utilização óptima da tecnologia, deverá ser pautada maioritariamente por actividades de alto valor em detrimento das outras.

Cabe aos pais, efectuar a monitorização e educação da criança para esta utilização, impondo limites claros e estabelecendo regras e condições de utilização dos diversos meios tecnológicos. Logicamente, estas regras irão variar de criança para criança e de família para família, consoante os interesses, o modo de vida, o grau de maturidade da criança e o próprio horário e dinâmica familiares. Existem no entanto, algumas linhas condutoras para uma boa utilização, que podemos utilizar como guia de base:

Estrategias Positivas na utilização das tecnologias

A tecnologia actual, permite-nos contactar, criar e mesmo divertir-nos como nunca antes e pode ser um excelente complemento e apoio no processo de desenvolvimento da criança. Apenas se torna problemática quando é tida como a principal fonte de entretenimento ou quando consome a maioria do tempo livre disponível da criança, sobretudo em actividades de baixo valor. Assim, importa estarmos atentos e avaliarmos a real necessidade, impacto positivo e valor acrescentado dos consumos que os nossos filhos efectuam, assim como equilibrá-la com actividades reais, de contacto social e aprendizagem pelos pares, onde a criança tenha oportunidade de exercitar corpo e mente e interaja com o seu ambiente.

Continuaremos este tema em breve. Entretanto, se quiser aprofundar estas questões, teremos dois workshops presenciais sobre o tema, em Lisboa, no dia 22 de fevereiro e em Coimbra a 7 de março.